Roma, parte II
No monte Capitolino, junto à Basilica di Santa Maria in Aracoeli, vamos ainda encontrar a Piazza del Campidoglio. As escadas que dão acesso a esta praça têm um formato diferente do habitual, são designadas cordonata.
Foi Michelangelo quem projectou tanto as escadas, quanto a praça e a remodelação dos três palácios que a rodeiam. A ideia era criar uma dinâmica entre o padrão que vemos no chão e os elementos à volta.
A Câmara Municipal de Roma funciona no palácio central, o Palazzo Senatorio. No dia em que aqui estivémos havia uma pequena manifestação que, se não estou em erro, estava relacionada com a função pública.
Roma tem cerca de 2000 fontes, mais que qualquer outra cidade no mundo. A que eu tinha mais curiosidade em conhecer, a de Trevi, infelizmente estava em obras mas mesmo assim deu para ver a fachada que é impressionante.
Ao contrário daquilo que imaginava, que estaria numa praça a condizer com a sua imponência, ela encontra-se numa pequena praça onde convergem três ruas. Quando damos por nós aparece-nos à frente de surpresa.
Diariamente milhares de pessoas atiram moedas para dentro desta fonte com a esperança que isso signifique um regresso a Roma. A ser verdade, lá perdemos nós a possibilidade de voltar.
Fontana di Trevi
A Piazza di Spagna com a sua escadaria é outra praça afamada da cidade. A Igreja da Santissima Trinità dei Monti fica no topo das escadas e como se vê pela foto, também estava em remodelações na altura.
No centro da praça existe a Fontana della Barcaccia, uma fonte bem mais modesta que a de Trevi, mas bonita na sua simplicidade.
Tanto de dia quanto de noite este é um lugar que atrai muitas pessoas que gostam de se sentar nos degraus.
Foi nesta praça que Roma nos presenteou com outra história para mais tarde recordar. Um homem com várias rosas aproximou-se de nós e como já se estava a ver que nos queria vender alguma, recusámos. Ele pôs então uma das flores na minha mão, disse que eu era bella (não com a carga de piropo mas de um simples elogio) e afastou-se um pouco. Uma pessoa já toda convencida, a pensar que é a maior da rua dela, que o vendedor nem conseguiu resistir a perder uma das rosas e eis senão quando ele volta a aproximar-se para pedir dinheiro. Resultado: devolvemos a rosa e ele atacou a turista seguinte mesmo ali ao lado.
Claramente aquele homem não se deu conta que este não é o melhor método para ganhar uns trocos.
Fontana della Barcaccia
La Colonna della Immacolata perto da Piazza di Spagna
A Piazza Navona é uma praça construída onde outrora existiu um estádio romano. Aqui podemos ver a Igreja Sant'Agnese in Agone e três fontes: Fontana dei Quattro Fiumi, Fontana del Moro e Fontana del Nettuno.
É uma praça cheia de vida, com restaurantes e cafés à volta. Também é um sítio onde os pintores e caricaturistas, entre outros artistas, gostam de vender as suas obras.
Fontana dei Quattro Fiumi
Fontana del Moro
Fontana del Nettuno
O Panteão (Pantheon) fica a duas ou três ruas de distância da Piazza Navona. Originalmente era um templo romano em honra de todos os deuses e foi convertido largos anos mais tarde numa igreja, a Igreja de Santa Maria dei Martiri. Foi precisamente o facto de ter sido sempre utilizado, primeiro como templo e depois como igreja, que permitiu que chegasse aos nossos dias em tão bom estado.
A enorme cúpula tem uma abertura no centro, o oculus, que permite a entrada de luz. Ao longo do dia essa luz vai-se movimentando no interior da igreja. Nos dias de chuva a água é drenada através de uns pequenos buracos que existem no chão, directamente por baixo da abertura.
Este foi um dos pontos altos em Roma para mim. A entrada do Panteão espelha na perfeição o mundo da Roma antiga e a cúpula vista de dentro traz-me à memória os tempos de criança em que ia com a escola ao Planetário e me maravilhava com as viagens ao espaço que fazia sentada numa cadeira a olhar para o céu.
A melhor maneira de conhecer Roma é mesmo a pé. Tendo em conta a dimensão da cidade é cansativo, mas vale a pena porque há sempre muita coisa para ver.
O Tibre banha a cidade e existe uma pequena ilha neste rio, a Isola Tiberina. Nesta ilha há uma Basílica, a di San Bartolomeo all'Isola, um restaurante e um hospital que ainda está em funcionamento. No Verão é também aqui que tem lugar um festival de cinema. É engraçado como uma ilha destas dimensões alberga tudo isto.
A primeira vez que avistámos o Vaticano nem tínhamos reparado, no mapa, que estava ali tão perto. Estávamos a passear ao longo do rio, perto do Castelo Sant'Angelo, olhámos para o fundo da avenida e a imagem daquele edifício era tão familiar que só podia ser a Basílica de S. Pedro, a escassos 800 metros de onde nos encontrávamos. Curiosamente nesta zona, a certa altura, começámos a ouvir muitas pessoas a falarem em português. Reparámos depois que se tratava de alguma excursão.
Castel Sant'Angelo
A visita em si, ao Vaticano, fizémos no dia seguinte. Se a oferta de tours guiadas em Roma já é elevada nas paragens habituais dos turistas, chegados ao território do Vaticano é algo ainda mais visível. De dez em dez minutos tínhamos alguém a perguntar-nos se queríamos integrar uma. Nós declinávamos educadamente e passado um bocado lá vinha outro.
A Basílica, que é considerada o expoente máximo da arquitectura renascentista, é absolutamente gigantesca. Vista de fora, quando olhamos para a fachada, dá para ver que é grande, mas quando entramos e andamos lá dentro é que temos a verdadeira noção da sua magnitude, parece que diminuimos de tamanho ali. Nunca tinha estado num espaço religioso da dimensão deste.
A visita é gratuita, mas a fila normalmente é longa. Mesmo assim não esperámos muito tempo porque andava relativamente rápido, o único problema foi o calor.
O que mais gostei em Roma foi a sensação de ter o passado ali tão perto, quase colado ao presente. Não é só uma questão dos vestígios que se podem ver, deixados por quem veio antes, mas a maneira como eles fazem parte da vida e da identidade desta cidade. Não admira que seja conhecida como "a cidade eterna".
Observei diversas vezes com atenção o movimento das pessoas na sua rotina diária e às tantas conseguia visualizar todos os que ali não estavam porque desapareceram há séculos, também eles na sua rotina. Estávamos todos a dividir o mesmo espaço, mas separados por tempos diferentes. Eu sei que isto acontece em todo o lado, não é só ali, mas em Roma é quase palpável.
Roma deu-nos praças amplas exuberantes, ruas estreitas mais contidas, passeios à beira rio, confusão e reboliço, fontes que mais parecem obras de arte, igrejas, basílicas, as letras S.P.Q.R. em todo o lado (iniciais do termo em latim para o Senado e o povo romano), vendedores ambulantes, motoristas loucos.
Na nossa ementa constaram spaghetti, pizza, até Burguer King desta vez. Os gelados da despedida foram de frutos do bosque e menta com pedaços de chocolate, frutos do bosque e café, coco, amarena e crema, straciatella e chocolate After Eight, tiramisù e crema fiorentina.
No balanço geral desta última paragem posso dizer que gostei bastante da cidade e gostaria de voltar para conhecer tudo o que ainda não vi. No entanto estaria a mentir se dissesse que me arrebatou por completo, que foi um dos lugares onde mais gostei de estar. Acho que tem muito a ver com a percepção que cada um tem dos lugares, dos sentimentos que despertam (ou não) em nós, da nossa personalidade que se sente mais conectada a uns que a outros. Vi coisas incríveis em Roma e percebi por que razão tanta gente adora esta cidade, mas para mim a parte mais apaixonante da viagem já tinha passado.
O relato destas férias chegou ao fim, mas ainda hei-de fazer um post final em jeito de conclusão sobre a viagem no seu todo.
Viagem a Itália: Verona, parte I
Viagem a Itália: Verona, parte II
Viagem a Itália: Florença, parte I
Viagem a Itália: Florença, parte II
Viagem a Itália: Florença, parte III
Viagem a Itália: Roma, parte I