THE CAR IS ON FIRE

No Verão passado, depois de reler O ano do pensamento mágico, descobri um documentário de 2017 sobre a escritora: Joan Didion: The Center Will Not Hold.

O documentário foca-se na vida e na escrita da Joan Didion e foi realizado pelo sobrinho da mesma, Griffin Dunne. A familiaridade entre ambos enriquece o filme em vários momentos e oferece um ângulo diferente do habitual.

A mulher que surge no ecrã já tem uma idade avançada - está na casa dos 80 - e tem uma aparência frágil e delicada, mas é notável a clareza e lucidez com que fala das suas memórias, da sua vida e do seu trabalho. 

O que é mais impressionante na sua obra é o dom que tem de observar e analisar com verdadeira atenção a realidade à sua volta, perceber o que significa e as suas implicações - até em termos futuros. Ela parece conseguir ver mais além. Esse exercício, que tem feito ao longo de várias décadas, tem sido central no que escreve e na maneira como vive. 

É um documentário interessante, mesmo para quem não está familiarizado com a sua escrita. Ainda só li dois dos seus livros e fiquei com bastante vontade de ler mais quando o vi.   

Um filme simples, mas ao mesmo tempo complexo sobre um pai e um filho.  

A base do filme são os dois livros escritos por cada um dos protagonistas na história real - David Sheff e Nicholas Sheff - sobre a sua relação e a toxicodependência de Nicholas que durante anos marcou a vida de ambos. 

Nicholas Sheff e David Sheff

Quando era mais nova, apesar de não compreender totalmente o que estava a acontecer, lembro-me bem da angústia dos meus tios e da impotência que sentiam em relação ao vício do filho; anos e anos de avanços e recuos e as marcas que deixaram na família.

O que me conquistou no filme foi sentir que retratou muito da verdade de todo aquele inferno e a dificuldade que é amar incondicionalmente alguém e ter de perceber que todo esse amor não pode salvar a outra pessoa dela mesma.